31 DE MAIO DE 2012, 15:10
ESCRITO POR MARCELOTAS
Sarau do Binho (foto: Alexandre de Maio/ Catraca Livre)
Frequento a Zona Sul de São Paulo há 10 anos. Minha porta de entrada foi aCasa do Zezinho, ONG que há quase duas décadas mostra como é possível criar um modelo de excelência numa das regiões mais abandonadas pelo poder público no Brasil, com certeza no mundo!
Na região que engloba os mega bairros Jardim Ângela, Capão Redondo e Parque Santo Antônio vivem cerca de 1,5 milhões de pessoas. Ali não há cinema, teatro, nem mesmo banca de jornais… A região já teve os índices de criminalidades mais altos do planeta, era o chamado “Triângulo da Morte”.
Ao longo dos últimos anos, com muito esforço, e ajuda praticamente zero- para não dizer ZERO MESMO- do estado, iniciativas de grupos de pessoas transformaram aquele que é o berço do precioso Rap paulistano.
Sem abandonar meu voluntariado na Casa do Zezinho- e a minha devoção, admiração e amor pela sua líder, a Tia Dag- comecei a frequentar outras quebradas sociais na Zona Sul: o Cieja (da Tia Êda), a Viela Dos Livros (do grafiteiro Buiú), entre outros. E como numa internet de carne e osso, você vai conhecendo outras figuras incríveis que desenvolvem seu trabalho a duríssimas penas.
Recentemente, passei a acompanhar o Sarau do Binho, um espaço precioso que cumpre o papel de levar diversão, cultura, reflexão e convivência, um oásis no deserto de cultura e espaços públicos que é a Zona Sul.
Agora, sou surpreendido com a notícia que a Sub-prefeitura, em nome do prefeito Gilberto Kassab, vai mandar fechar o “Sarau do Binho”. É o mesmo lenga-lenga de sempre. Alegam que o zoneamento não permitem esse tipo de atividade.
Espero que tudo seja um equívoco da Sub-Prefeitura e seja imediatamente reparado. Sob pena de Gilberto Kassab ter sua passagem pela prefeitura de São Paulo, por conta dessa atitude absolutamente inadmissível contra quem promove cultura na Zona Sul, ser destinada à lata do lixo da história da cidade de São Paulo.
Viva o Sarau do Binho e todos os manos e manas que constrem e mantem a cultura da periferia na Zona Sul de São Paulo. Foi com eles que aprendi a conhecer de forma mais completa e rica a cidade que eu amo e vivo.
CATEGORIAS: COMUNICAÇÃO, CULTURA
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