or: Assessoria de Imprensa Câmara Municipal da Estância de Atibaia
Autor da proposta que gerou a primeira lei voltada para a regulamentação do serviço de transporte seletivo (por vans) em Atibaia, o vereador Saulo Pedroso de Souza, presidente da Câmara de Atibaia, abriu as portas do Legislativo para uma nova discussão da categoria: a regulamentação do transporte fretado.
A reunião, realizada na noite do dia 25 de abril, reuniu proprietários e empresas locadoras de vans da região, sob a coordenação do Sindicato das Empresas de Transporte, Locação e Fretamento de Micro-ônibus do Estado de São Paulo (SETLOFEMESP), que luta há anos pelo direito constitucional do trabalho e regulamentação do transporte fretado por vans no estado de São Paulo.
Participaram da reunião o presidente do sindicato, Edson Luiz da Rocha – que conduziu os trabalhos - Morais Rezende, Mércia Molisani e Willy Sergio Stefan, também integrantes do sindicato, e Edilson Machado de Oliveira, representante da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que também apoia o movimento.
O objetivo é criar uma sub-sede do sindicato na região bragantina, de forma a regulamentar o serviço também na região e fortalecer o movimento em prol da regularização. Segundo a advogada Mércia Molisani, integrante do sindicato, existe uma lei que regula as vans escolares e micro-ônibus, mas a mesma não abrange quem trabalha com fretamento.
O Sindicato já apresentou uma proposta para a elaboração de um Decreto Lei, que foi entregue ao governador Geraldo Alckmin, e agora aguarda a sua aprovação.
“Eu acredito que todo serviço oferecido para a população, especialmente os já consolidados na sociedade, como o transporte seletivo, devam ser regulamentados. A regulamentação, que envolve sua total legalização perante o poder público e órgãos fiscalizadores, contribui para melhores condições de trabalho para a categoria e, principalmente, para a melhoria da qualidade dos serviços, trazendo mais segurança e conforto para o consumidor”, comentou o presidente Saulo.
A assessoria do vereador Josué Luiz de Oliveira, Dedel, também participou da reunião, como representante do deputado estadual Edmir Chedid.
Um, dois, três; respire fundo. A greve dos funcionários do Metrô de São Paulo atrapalha a vida de mais de 4 milhões de trabalhadores nesta quarta-feira. Com a promessa de que as linhas funcionariam nos horários de pico, muitos deles resolveram arriscar.
Como o acordo não se cumpriu, a população está se virando como pode. Na Baixada Santista, muitas pessoas estão rachando táxi para chegar ao destino. Com tantas filas e tempo de espera, as redes sociais na internet estão cheias de desabafo.
O especialista em tecnologia de operações, Maurício de Soza Canavese, enviou e-mail à redação de A Tribuna On-line relatando os transtornos com a paralisação na Capital. Ele trabalha em São Paulo, na Região da Avenida Paulista, e, normalmente, vai de ônibus fretado até a estação Imigrantes e, de lá, pega o metrô até a estação Brigadeiro.
"Hoje, com a greve, o fretado saiu de Santos uma hora antes do horário de costume, às 5 da manhã. Chegando à estação Imigrantes ficou todo mundo perdido, havia a expectativa de que o metrô estivesse funcionando no horário de pico, mas que nada, as linhas estão funcionando, mas apenas nas regiões centrais, ou seja, ninguém consegue chegar ao metrô para poder utilizá-lo".
Para chegar ao trabalho, ele tentou chamar um táxi, que tem convênio com a empresa dele. No entanto, não havia carros disponíveis. No final das contas, acabou rachando um táxi, que, por acaso, estava passando, com outros colegas de fretado. "Um trajeto que levaria uns 15 minutos, levou mais de 40, pois o trânsito está um caos".
Elton F. Barone também sobe de fretado todos os dias e utiliza a estação Santos-Imigrantes rumo à estação das Clínicas. Hoje, ele chegou a se deslocar até o Jabaquara. Mas, de lá, pegou um ônibus de volta para casa. "Já estou na Imigrantes de volta, e devo chegar em casa mais rápido do que se fosse de táxi ou ônibus para meu trabalho. Hoje, o home-office será mais produtivo. Só subi porque falaram que as linhas iam funcionar durante os horários de pico, mas não aconteceu. Lamentável".
Tudo parado Pelo Facebook de A Tribuna, Loraine Gabrielle Guedes Burgos postou: "Estou mais de uma hora em um ônibus tentando chegar à estaçao Ana Rosa, o ônibus mal anda, está tudo congestionado por aqui".
A analista de sistemas Célia Diniz de Souza relatou que o trajeto que costuma fazer de Santos a Vila Olímpia, em São Paulo, em 1h30, hoje durou 4 horas. "O pior ´é que escutei no rádio que ninguém vai ceder. A população que se vire!"
Envie seu relato
Se você está enfrentando dificuldades para se locomover em São Paulo, nesta quarta-feira, mande o seu relato para o e-mail digital@atribuna.com.br, com o assunto Greve em SP. Não se esqueça de colocar o nome completo, profissão e cidade onde mora.
Estou voltando hoje ao comando deste blog, depois de 5 meses de licença-maternidade. Nesse tempo, diversas discussões ligadas ao planejamento urbano ocorreram pelo país, especialmente no contexto da preparação do país para a Copa de 2014. Mas hoje o foco é em São Paulo, nossa maior metrópole, que, para o bem e para o mal (nos últimos tempos mais para o mal) é o modelo de urbanização seguido pelas outras metrópoles.
A cidade em que nasci e morei por quase 27 dos meus 30 anos está pior que há 5 meses, e no fim do ano estará pior do que hoje. Estou no Rio de Janeiro e é com pesar que digo aos cariocas que, da maneira como está, não tenho nenhuma vontade de viver em São Paulo novamente. Não que o Rio seja um paraíso urbano, longe disso.
Esse período em que apenas observei, sem precisar noticiar os fatos, ajudou a retomar uma perspectiva mais ampla do que acontece com São Paulo. O caminho para a decadência urbana não tem um ponto de partida fácil de identificar, mas que a direção das ações públicas na cidade está equivocada, disso não há dúvidas. A insistência em um modelo urbano voltado para o carro é velha conhecida nossa, mas não é mais justificável em um momento em que a produção de conhecimento por universidades, think tanks, ONGs e outras entidades está voltada para novos modelos. As alternativas existem e são aplicáveis.
Nosso prefeito está dando mostras de que em momento algum deixou de atender aos interesses da indústria imobiliária, a qual está ligado desde a década de 80, quando atuou no Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi) e no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci).
Traduzindo, na era Kassab é mais fácil construir um prédio em São Paulo do que ser atendido pelo 156 para descobrir o itinerário de uma linha de ônibus. Bairros inteiros são levantados em grande velocidades, sem qualquer preocupação com a mobilidade, com o meio ambiente, com a justiça social ou com a saúde da população. Exemplos não faltam: Vila Nova Leopoldina, Chácara Santo Antônio Morumbi Sul são apenas alguns deles.
A parada quase completa de investimentos em transporte público também mostra que os interesses do prefeito estão longe de corresponder aos da cidade. A multiplicação de obras viárias é de envergonhar qualquer um que pense em mobilidade nas metrópoles hoje. Em toda a gestão Sera/Kassab apenas o Expresso Tiradentes (no lugar nunca terminado Fura-Fila de Celso Pitta) foi inaugurado, em 2007. A obra liga o Terminal Parque Dom Pedro ao Sacomã. Os planos mudaram, o corredor virou monotrilho, que deveria ficar pronto até o final deste ano, mas já se sabe que não sairá antes de 2014. Mesmo que estivesse pronto, seria uma contribuição ridícula para o sistema de ônibus em uma gestão de 8 anos. Além disso, há cada vez mais restrições para o trânsito de caminhões na cidade (para aumentar o espaço para os carros e dar a sensação de que o trânsito diminuiu) e os ônibus fretados não podem circular nas vias de maior demanda.
Outro ponto a se destacar é que, enquanto fica cada vez mais permissiva para grandes investidores, São Paulo se torna mais proibida para a população. Os bares têm que fechar a uma da madrugada; os ambulantes, mesmo os registrados, estão sendo expulsos; os moradores de rua perseguidos; a comida de rua proibida. É como se uma onda de moralismo tacanho e burro digna do Tea Party americano assolasse a cidade, capitaneada pela Prefeitura. Infelizmente, no campo dos costumes o paulistano médio acompanha a mentalidade de seu governante, mas isso não é desculpa para a prática do higienismo. Democracia não deveria se confundir com ditadura da maioria.
Todos esses temas serão desenvolvidos aqui no blog, especialmente no contexto das eleições municipais deste ano. É preciso apontar a cidade que queremos com informação e debate e pressionar os candidatos a tomarem posição diante de temas importantes. Sem isso, continuaremos reféns de interesses que sequer conhecemos.
Agradeço ao meu amigo Nicolau Soares, que me substituiu por esses cinco meses, por manter a discussão sobre as cidades rolando por aqui.
BOM DIA percorre ruas alteradas e constata problemas de visibilidade e no fluxo de veículos em ItatibaMATEUS TREVINE/AGÊNCIA BOM DIA mateustrevine@bomdiaitatiba.com.br
Ainda em período experimental desde anteontem, as mudanças de trânsito na região da Universidade São Francisco (USF) já receberam críticas dos motoristas que passaram pela região no dia de ontem. Seja pela falta de visibilidade, pelos excessos de paradas obrigatórias e a falta de segurança em cruzamentos, a maioria dos motoristas ouvidos pela reportagem não aprovam algumas mudanças.
“Este cruzamento da rua da Nipo (rua Alexandre R. Barbosa) com a avenida Genaro Paladino ficou perigoso. Percebi que quem desce pelo supermercado não presta atenção aos veículos que seguem sentido avenida coronel Peroba pois estão acostumados com a mão única e invadem a faixa contrária, quase bateram no meu carro”, relata o motorista Jeverson Oliveira.
A motorista Célia Gurgel, também percebeu o mesmo problema e ainda apontou dificuldades na mesma rua com o cruzamento com a avenida doutor Mendel Steimbruch. “Quando passei por ali fiquei um pouco nervosa, pois o volume de tráfego para quem seguia sentido centro era tão grande que fiquei parada um bom tempo para atravessar, apenas consegui depois que um motorista parou e me deu passagem para passar”, diz Célia.
No mesmo endereço, os motoristas também realizaram críticas no cruzamento com a avenida senador Lacerda Franco. “Com a mão dupla, sair da Lacerda e adentrar na rua está apertado, os motoristas que vem em sentido oposto invadem a faixa de pedestre para poder observar se podem ou não adentrar na avenida, fora isto acredito que não ficou ruim, o departamento de trânsito está sinalizando as alterações e acredito que com o tempo os motoristas acostumem, diz Pedro Henrique de Sousa.
Reportagem O BOM DIA percorreu várias vezes as ruas e as avenidas que sofreram as alterações. A reportagem constatou as principais dúvidas de grande parte dos motoristas que passavam por elas, principalmente na rua Alexandre R. Barbosa que virou mão dupla.
Em poucos minutos enquanto a equipe fotografava as ruas, muitos motoristas diziam; “Está confuso”, “O trânsito não flui”, “A visibilidade está péssima”, “Não está seguro”. Infelizmente também foi constatada a falta de atenção dos motoristas perante as sinalizações existentes.
Sinalização A avenida Maria de Lourdes Abreu estava parcialmente interditada na tarde de ontem. Equipes da prefeitura local realizavam a pintura das sinalizações de solo do local, que segundo o departamento de trânsito será de uma via de mão dupla entre os cruzamentos da avenida Independência e da rua senador Paulo Abreu.
Mudanças
As alterações são; a Proibição da conversão à esquerda da avenida doutor Mendel Steimbruch para a rua Alexandre R. Barbosa (Nipo); liberação do acesso do trânsito da rua Alexandre R. Barbosa para a Praça Benedito Expedito Tinello, no sentido supermercado Russi; alteração do trânsito da Avenida Independência para mão dupla no trecho entre a avenida Maria de Lourdes Abreu e rua Manoel Augusto Sanfins; alteração do trânsito da avenida Maria de Lourdes Abreu para mão dupla, no trecho entre a avenida Independência até o início do estacionamento do supermercado Dia; alteração do trânsito da rua Aristides Lobo para mão dupla, no trecho entre a avenida Independência e av. Senador Lacerda Franco; proibição da conversão à esquerda da avenida Senador Lacerda Franco para a rua Aristides Lobo.
Empresa tem de pagar R$ 400 mil a Flávio Cordeiro por ele ser forçado por skinheads a pular do tremFILIPE SANSONE filipe.sansone@diariosp.com.br
O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) manteve a condenação da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) de pagar R$ 400 mil ao assistente administrativo Flávio Augusto do Nascimento Cordeiro, de 24 anos. Em 7 de dezembro de 2003, ele, então com 16 anos, foi forçado por um grupo de skinheads a pular de um trem em movimento próximo à Estação Brás Cubas, da Linha 11-Coral, na época Linha E-Laranja. Ele estava com o colega, o repositor de mercadorias Clayton da Silva Leite, que tinha 20 anos, e morreu com traumatismo craniano (leia mais abaixo). Flávio teve o braço direito decepado.
Os desembargadores Sebastião Junqueira, Ricardo Negrão e João Camilo de Almeida Prado Costa, da 19 Câmara de Direito Privado do TJ, entenderam que a CPTM deve pagar à vítima R$ 250 mil por dano moral, R$ 100 mil por dano estético, além de todos os honorários do seu advogado. Na sentença, os juízes alegam que a vítima “sofreu sério prejuízo estético permanente, com a perda do braço direito” e “sofreu redução na capacidade motora e de inúmeros atos da vida cotidiana”.
CONTRATO VERBAL/ Para o advogado de Flávio, Paulo Roberto da Silva Passos, a CPTM é culpada, pois as vítimas não acharam nenhum segurança. “A CPTM tem uma força policial de 1,3 mil homens para combater crimes violentos. No momento que alguém compra um bilhete da empresa, há contrato verbal no qual ela se propõe a transportar o passageiro ileso. Nesse caso, os meninos, quando foram agredidos, procuraram um segurança e não o encontraram.”
A CPTM informou que “ainda não foi notificada da sentença e só vai se manifestar após conhecer o teor da decisão judicial”.
Dos 31 dias de maio, trens metropolitanos de São Paulo tiveram problemas em quase metade do mês; usuários reclamam
São Paulo - No mesmo mês em que faz 20 anos de fundação, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) encerra maio com uma estatística que não pode ser comemorada. Dos 31 dias do mês, em 15 ocorreram problemas em pelo menos uma das linhas de trens distribuídas por cidades da Grande São Paulo, segundo reconhece a própria companhia.
As causas dos problemas são diversas. De trens de passageiros que precisam diminuir a velocidade devido à presença de trens de carga na linha, passando por defeitos na sinalização e queda de energia, até chegar a linhas inteiras paralisadas por conta de greve de funcionários.
Assim como as causas, os prejudicados também são muitos. Aproximadamente 2,7 milhões de passageiros utilizam as linhas todos os dias. “Sempre tem problema, não tem dúvida. Os maiores problemas são a lotação e a lentidão. Às 17h sempre fica parado porque a energia está baixa. O trem fica parado por muito tempo na estação. Quatro, cinco minutos e aí quando vai sair está tão cheio que não consegue fechar as portas”, reclama Mauro de Souza Macedo, corretor de vendas de um banco.
O corretor de vendas durante trajeto pela Linha 9-Esmeralda da CPTM | Foto: Divulgação
A CPTM gerencia seis linhas de trens na Grande São Paulo e nenhuma delas escapou dos problemas em maio. A greve de funcionários de duas linhas, no dia 23, e o acidente com duas composições do Metrô, no dia 16, ajudaram a ampliar os problemas.
Mas foi o dia 18 o que apresentou problemas em mais linhas, quando um defeito na linha 8-Diamante prejudicou, em cascata, os usuários de outras 4 linhas. “O problema é sempre o mesmo, atraso e lotação. E quando está lotado, você não vê um funcionário para ajudar. A lotação é pior no Grajaú e Santo Amaro (Linha 9). Hoje mesmo (ontem, 31) o trem ficou parado mais de 40 minutos no Grajaú (dia em que a CPTM diz que não houve problemas). Isso atrapalha a gente, está sempre lotado, atrasa e o problema é que mal temos tempo de reclamar. Não tem opção”, reclama a diarista Maria Sônia Pereira de Andrade, de 53 anos.
Maria Sônia Pereira de Andrade passando a catraca de estação de trem | Foto: Divulgação
A linha mais problemática do mês foi a 12-Safira, que liga as estações Brás - onde fica o centro de controle da CPTM - a Calmon Viana, com problemas em sete dias do mês, incluindo greve, reflexos do acidente do Metrô e ações de vandalismos dos próprios usuários. A segunda linha mais problemática foi a 9-Esmeralda, que liga Osasco ao Grajaú, com cinco ocorrências. Essa linha tem passado por constantes obras nos últimos meses, ficando fechada em vários finais de semana, para modernização.
“Sempre tem problema nessa linha por falta de energia, lotação, por não conseguir fechar as portas. O trem para muito tempo nas estações. A gente acaba atrasando, perdendo tempo, perdendo serviço”, diz Antônio Bernardino de Lima, aposentado de 72 anos e office boy, na estação Cidade Jardim, na Linha 9.
Nem mesmo o Centro de Controle Operacional Unificado, no Brás, que segundo a CPTM é considerado o mais moderno das ferrovias brasileiras, tem sido suficiente para diminuir o sofrimento dos passageiros. Das seis linhas, apenas a 10-Turquesa (Brás - Rio Grande da Serra) não é controlada pelo centro. Ela também é uma das três que registraram problemas em ‘apenas’ três dias de maio, assim como as linhas 8-Diamante (Júlio Prestes – Itapevi) e a 11-Coral (Luz – Estudantes).
Respostas
A companhia é cobrada constantemente pelos usuários nas redes sociais e reconhece as dificuldades, mas afirma que tem feito investimentos para melhorias na rede. Com uma resposta padrão, repetida aos usuários que reclamam de problemas, a empresa afirma que está tentando reverter a rotina de problemas.
A CPTM diz que sabe das dificuldades, mas esclarece algumas ações que vem tomando para diminuir as falhas e melhorar os serviços. "Estamos realizando obras de modernização em todas as 6 linhas, investindo cerca de R$ 1 bi em 2012 na construção e modernização das estações, implantação de novos sistemas de sinalização, energia, rede aérea, via permanente, além de investimentos específicos para a renovação da frota”, diz post no Twitter. Procurada pela reportagem para explicar as causas dos problemas em alguns dias específicos, a CPTM não retornou a solicitação.
iG acompanhou um deficiente físico e notou que motoristas e cobradores não sabem utilizar os elevadores dos ônibus adaptados na capital
Carolina Garcia, iG São Paulo| - Atualizada às
Texto:
Deficientes físicos ou pessoas com mobilidade reduzida enfrentam na cidade de São Paulo desafios muitas vezes maiores dos que os já vividos após uma doença ou fatalidade que limitou seus movimentos. Vítima da paralisia infantil quando tinha apenas 8 meses de vida, Juracir Barbosa da Silva, de 52 anos, chega a classificar sua batalha contra paralisia mais fácil do que uma simples atividade diária: utilizar o transporte público.
Foto: Arquivo pessoalJuracir da Silva espera pela equipe de resgate após acidente, em janeiro deste ano
Silva tem motivos para desacreditar no sistema de transporte público da capital. Ele vende balas em um cruzamento da zona sul há mais de 30 anos e, por isso, utiliza pelo menos quatro ônibus diariamente. “Não tem um dia que não discuto com algum motorista ou cobrador. Às vezes preciso implorar por ajuda (para ser colocado dentro do ônibus)”. E foi o mau preparo de uma dupla de funcionários na região do Grajaú, onde mora há 40 anos, que colocou sua vida em risco.
Quando voltava para casa do trabalho, no dia 24 de janeiro, Silva utilizou a linha 6062/51 Jd.Castro Alves/Term.Santo Amaro, por volta das 16h. Já acostumado com os elevadores das lotações, o vendedor disse ter percebido que o cobrador não estava confiante para comandar o equipamento. “Desliguei minha cadeira e ele apertou o botão de descida. Ele não esperou chegar até o final e apertou (o botão)”, explicou. Com isso, o aparato foi acionado para remover a prancha, como na manobra de embarque.
“Senti a cadeira deslizando e comecei a gritar. Caí e senti a cadeira caindo em cima de mim. Cheguei a ouvir uma gritaria entre os passageiros e o cobrador. Era muito sangue, pensei que iria morrer.” Silva ficou no asfalto por cerca de 30 minutos esperando o resgate (como mostra a foto acima). Com a queda, ele sofreu uma fratura no fêmur da perna esquerda e levou quatro pontos no nariz.
Após passar três meses internado no Hospital do Grajaú, o vendedor contou ao iG que ainda se sentia abandonado pela cooperativa responsável pela lotação, que não teria prestado nenhuma assistência, segundo ele. “Fiquei ali no asfalto estendido. Uma sensação pior do que senti no dia em que entendi que não poderia andar. Foi a primeira vez que chorei na vida.”
Após o acidente, a família de Silva procurou a Polícia Civil e o caso é investigado pelo 101º DP, do Jardim das Embuias. A São Paulo Transporte (SPTrans) informou que o veículo envolvido no acidente, com o prefixo 6 6121, passou por vistoria no dia 16 de janeiro e segue em circulação. Tal informação comprovaria que a falha teria sido operacional (do cobrador) e não mecânica (do elevador). Procurada pela reportagem, a cooperativa Cooper-Pam, que é responsável pelo carro no acidente, não retornou para dar um posicionamento.
Dificuldades
A dificuldade de se locomover na cidade de São Paulo não é exclusiva de Juracir Silva. O iGacompanhou o trajeto do porteiro Giovani Antônio Batista, de 47 anos, também diagnosticado com paralisia infantil nos primeiros meses de vida. Para chegar ao trabalho, às 8h30, ele utiliza pelo menos quatro linhas de ônibus no intervalo de duas horas e outras quatro no final do dia.
Foto: Carolina Garcia/iG São PauloGiovani Batista aguarda ajuda de motorista para entrar em ônibus parcialmente adaptado
Morador da Vila Jacuri, no extremo sul da capital, Batista explica que não pode ter apenas uma opção de caminho já que não sabe se será aceito em todos os transportes coletivos – inclusive os que têm um adesivo indicando ser preparado aos deficientes. “É normal eu estar no ponto, dar o sinal e ser recusado pelo motorista. Quero acreditar que é mais por má vontade do que pensar que ainda sofro preconceito.”
As constantes brigas com os funcionários das empresas também são comuns na rotina do porteiro. “Muita vezes cheguei a suplicar para ele me pegar, mas acabo escutando um ‘está lotado’ ou ‘estamos em cima do horário’. Como não aceito, acabo recebendo ajuda dos próprios passageiros”, explica.
A manifestação solidária de populares foi comprovada pela reportagem na última terça-feira (16). Em três das quatro conduções utilizadas, Batista foi auxiliado por desconhecidos. Já a espera da última linha, na av. Luis Carlos Berrini, o porteiro indicou três vezes a intenção de embarcar para o motorista, que já havia parado fora do ponto de ônibus. “Ele não quer parar de novo, mas como posso subir com a minha cadeira no meio da rua?”
Foto: Carolina Garcia/iG São PauloApós realizar o sinal três vezes, Giovani consegue embarcar em ônibus na zona sul
Visivelmente contrariado, o motorista parou o coletivo e desceu para abrir a rampa ao cadeirante. Batista então entrou no ônibus. Porém, antes de chegar ao seu espaço reservado e conseguir colocar o cinto de segurança, o motorista acelerou o veículo. A reação dos passageiros foi instantânea. Irritados, eles começaram a gritar: “Espera o cadeirante colocar o cinto” ou “Tá com pressa?”. “Calma, gente. Ele está atrasado para o cafezinho dele”, disse Batista em resposta visivelmente constrangido.
Outros acontecimentos se tornam obstáculos para as pessoas com mobilidade reduzida. No caso da entrevistadora Cláudia Siqueira, de 35 anos, as péssimas condições das calçadas e obras de sua rua e superlotação no metrô a impedem de ter um trajeto mais confortável para o trabalho, na região de Pinheiros. Com uma prótese na perna direita, necessária após sofrer um acidente de carro há 4 anos, Cláudia sente fortes dores no final do dia.
“No começo (quando colocou a prótese) desisti de trabalhar e estudar. Enfrentar a cidade sem ter experiência com sua deficiência é muito arriscado”, explicou. Ela reconhece que, por não ter uma limitação aparente, acaba não recebendo tanta ajuda como Giovani e Juracir. “O fato de eu ter que mostrar e revelar minha deficiência a todos me prendeu muito.”
Para ela, os espaços reservados para deficientes no metrô precisam ser expandidos. “Acabo competindo espaço com pessoas que não têm problemas em passar alguns minutos em pé”. Cláudia ainda desabafou dizendo que sente “fora da estatística” da prefeitura. “Basta olhar as condições de transporte e locomoção da cidade. Calçadas esburacadas e nada adaptadas. São Paulo não foi feita para a gente (os deficientes).”
Treinamento
Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss), quando motoristas e cobradores são contratados pelas viações ou cooperativas de ônibus passam obrigatoriamente por um programa de treinamento determinado pela SPTrans. No entanto, os dados são contrastantes.
Veja as imagens de deficientes utilizando o transporte público:
Giovani Batista aguarda ajuda de motorista para entrar em ônibus parcialmente adaptado. Foto: Carolina Garcia/iG São Paulo
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Enquanto a SPUrbanuss afirma que o curso oferecido deve possuir 88 horas de duração, a empresa Santa Brígida, responsável por algumas linhas da zona sul e oeste, oferece uma introdução de 21h aos novos profissionais. Como explicação, o sindicato afirmou que cada empresa/cooperativa pode escolher quais pontos do programa são intensificados de acordo com a necessidade de cada linha.
“O período pode ser curto, mas sempre há reciclagem anual do conteúdo”, disse uma representante da Santa Brígida que não sabia explicar a diferença dos dados. Para ela, o mau desempenho na hora de ativar o elevador ocorre devido “uma possível falta de prática do profissional”. “Não há tantos passageiros nas condições de cadeirantes no nosso trecho. O profissional acaba enferrujado”, concluiu.
Até o momento da publicação desta reportagem, a SPTrans não informou se há uma padronização ou itens considerados obrigatórios no curso oferecido aos novos operadores.
Levantamento realizado pela ANTP (Associação Nacional de Transportes Público) revela que quatro municípios de São Paulo têm hoje a tarifa mais cara de ônibus do país. O custo de uma viagem foi comparado em 38 cidades com mais de 500 mil habitantes, entre os meses de janeiro e abril deste ano.
Com uma tarifa de R$ 3, a capital paulista, Campinas, Guarulhos e Osasco são as cidades que mais oneram o passageiro de ônibus. Em seguida aparecem Santo André e São Bernardo, no ABC, que cobram R$ 2,90.
Em Sorocaba, no interior do Estado, cuja população é de 646,4 mil habitantes, uma viagem de ônibus sai por R$ 2,85. O valor é superior ao cobrado em capitais com mais de 2 milhões de habitantes, como o Rio de Janeiro, R$ 2,75, Salvador, R$ 2,50, e Belo Horizonte, R$ 2,65.
A tarifa mais barata do país é encontrada em Juiz de Fora (MG). Lá, as empresas que operam o serviço de transporte coletivo cobram R$ 1,95.
Peso no orçamento
Em São Paulo, o passageiro de ônibus que realizava duas viagens por dia em junho de 2005, quando a tarifa era de R$ 2, desembolsava em média R$ 88 por mês. A partir de janeiro de de 2011, já com a tarifa em R$ 3, o peso no orçamento doméstico, para quem não utiliza o Bilhete Único, passou para R$ 132, um aumento de 50%.