As duas composições que se envolveram no acidente foram levadas juntas para o pátio do Metrô. Peritos examinaram os vagões em busca de evidências que expliquem a batida. A polícia já ouviu o funcionário que operava o trem e abriu uma investigação.
Os trens bateram na linha 3 – Vermelha, que faz ligação entre as zonas leste e oeste da capital paulista, na manhã desta quarta-feira (16). 103 passageiros ficaram feridos. Este foi o primeiro acidente registrado em horário operacional nos quase 40 anos do Metrô de São Paulo.
Batida entre dois trens da linha 3 -Vermelha do Metrô aconteceu por volta das 9h50 desta quarta-feira
O secretário dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, Jurandir Fernandes, afirmou que o acidente entre duas composições do Metrô, na manhã desta quarta-feira (16), foi causado por uma falha na placa de circuito eletrônico da linha, que é responsável pelo controle da velocidade dos trens.
Os técnicos da empresa farão agora uma análise mais detalhada desta placa, que já foi retirada e enviada para um laboratório do Metrô. Será verificado, por exemplo, se o problema aconteceu em um dispositivo específico da peça ou em todo o circuito.
Caso necessário, será feita a troca das placas de todo o sistema de Metrô de São Paulo. Uma análise também será feita pelo fabricante do equipamento, uma empresa francesa
No início da noite desta quarta, o diretor do Sindicato dos Metroviários Alexandre Leme afirmou que chegaram até ele informações de que o sistema de operação da via em que ocorreu o acidente havia apresentado pequenas "oscilações" antes da batida. Leme é funcionário do CCO (Central de Controle Operacionais) do Metrô.
— A informação que temos é que estavam ocorrendo oscilações. Qual o prazo, quantos minutos, se foi meia hora antes, isso só o Metrô vai poder dizer.
De acordo com ele, não houve falha no trem, mas no sistema da via.
— O sistema Mux [nome específico] manda ordem para o trem, através do sistema da via. E o sistema do trem, recebe a ordem e comanda o trem. Se é para frear ou acelerar. Este sistema da via, pela informação que se tem, estava oscilando por alguma razão que não sabemos. Aparentemente, ele mandou uma informação para o trem ir a 100 km/h, quando deveria ter dito pare. Não foi falha do trem. O trem recebeu o código. Tanto que o operador viu o código errado e acionou o botão de emergência. Ele recebeu uma ordem errada do sistema. O trem respondeu a essa ordem errada de maneira correta.
Outras falhas
Durante coletiva nesta quarta-feira, o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres Júnior, complementou a afirmação de Leme dizendo que já ouviu relatos de operadores de trem de que as composições não pararam quando deveriam.
— Já tivemos relatos de operadores falando que o trem era para parar e não parou. Muitas vezes, o próprio Metrô não acreditou nessa informação. São relatos episódicos e que não trouxeram grandes consequências. Precisamos avançar para descobrir o tamanho disso. Às vezes, acontecem falhas naquele momento e, quando vai pesquisar, ela não aparece mais.
Prazeres Júnior destacou que a novidade do incidente desta quarta-feira foi o fato de o trem ter chegado próximo ao outro e ter acelerado.
— Falhas de não dar o código zero quando um trem se aproxima de outro já tinha ouvido falar. Agora, de acelerar próximo do trem, para mim é uma novidade total. De qualquer forma, é uma falha que não podemos ter. Na norte-sul [linha 1-Azul], há pelo menos um caso, que a gente tinha ouvido falar, de um operador de trem que era para parar em São Bento e não parou. Agora, de acelerar, nunca tinha visto.
No início desta tarde, o maquinista que dirigia a composição que bateu na traseira da que estava à frente, próximo à estação Carrão, na zona leste de São Paulo, prestou depoimento no CCO. Ainda segundo o presidente do Sindicato dos Metroviários, o homem de 28 anos, que trabalha no Metrô há três anos, voltou a afirmar que o trem acelerou sozinho. Ele teria dito que, ao perceber que havia outra composição à frente, o sistema ordenou o aumento da velocidade em vez de mandar que o trem parasse.
O funcionário colocou o trem em modo manual e fez com que a composição parasse, em uma ação de emergência. Porém, ele só conseguiu reduzir o impacto da batida. Prazeres Junior afirmou que a ordem para aumentar a velocidade quando há outro tem na frente é rara e “completamente anormal”.
Acidente
A batida entre dois trens da linha 3-Vermelha (Corinthians-Itaquera/Palmeiras-Barra Funda) ocorreu por volta das 9h50 desta quarta-feira a cerca de 300 m da estação Carrão, na zona leste da capital paulista. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 103 pessoas precisaram ser levadas a hospitais da rede após o acidente, parte delas com ferimentos leves e moderados e outra parte porque passou mal.
Segundo o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, ainda não é possível afirmar exatamente a velocidade do trem que bateu na traseira de outra composição, mas ele estima que ela variou entre 9km/h e 12km/h.