segunda-feira, 4 de junho de 2012

Fretados de São Paulo entrarão em colapso neste ano, prevê associação


fretados sumaréJulia Chequer/R7
Passageiros fazem fila para aguardar ônibus fretado na rua Oscar Freire, próximo à estação Sumaré do Metrô

A restrição da circulação de ônibus fretados em São Paulo completou dois anos nesta quarta-feira (26), colocando esse tipo de transporte em risco de extinção. Cerca de 1.250 ônibus fretados deixarão de rodar em São Paulo no final deste ano, o que deve fazer o serviço entrar em colapso. É o que prevê Geraldo da Silva Maia Filho, diretor da ASSOFRESP (Associação das Micro, Pequenas e Médias Empresas de Fretamento e Turismo do Estado de São Paulo).

A partir do dia 31 de dezembro de 2011, veículos fabricados antes de 1991 estarão proibidos de circular na cidade. No final do ano que vem, a restrição vai atingir os coletivos feitos nos anos de 1992, 1993, 1994. Apenas a partir de 2013, o teto da idade dos ônibus será de 15 anos.


Saiba por onde os ônibus fretados podem rodar em SP e quais os pontos de paradaMaia afirma que em 2013 serão 2.500 fretados a menos na capital paulista dos aproximadamente 5.500 que circulam na cidade. Segundo ele, as montadoras não estão dando conta da demanda dos poucos empresários que estão conseguindo renovar a frota.

– Os donos das frotas estão com dificuldade de vender seus ônibus antigos. Quem vai querer comprar com essas restrições?

Segundo balanço do Transfretur, sindicato que representa cem companhias de fretamento da região metropolitana, antes da medida havia 490 ônibus contratados para transportar funcionários de empresas. Agora são 200, uma redução de 60%.
Além disso, a associação diz que a quantidade de passageiros caiu de 50 mil antes da restrição para 30 mil atualmente. Maia diz que muitos dos passageiros passaram a usar carros.

É o caso da secretária-executiva Virginia Guilhen, 38 anos, que mora na Vila Industrial, zona leste de São Paulo, e trabalha na avenida Rebouças, região oeste. Depois de 12 anos com fretados, desde a restrição ela usa seu carro particular. Ela faz o deslocamento sozinha e diz ter saudade da época que vinha de ônibus.

– Fretado é mais seguro. Carro é o seu bem que está na rua. Na condução eu podia aproveitar o tempo para ler um livro.

Resultados 
Segundo dados da Rede Nossa São Paulo, organização que reúne 600 ONGs, em junho de 2009, o congestionamento médio no pico da manhã era de 89 km, enquanto que à tarde, 154 km. Neste ano, houve melhora nos dois períodos: 73 km na manhã e 119 km à tarde.

O mestre em transportes pela Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) Sergio Ejzenberg afirma que, em tese, as formas de transporte coletivo devem ser incentivadas na cidade.

– Com os ônibus você tem um uso mais razoável do sistema viário, com menos poluição e menos congestionamento.

Para ele, uma metrópole como São Paulo precisaria de mais Metrô para resolver seu problema de mobilidade urbana. E, apesar dessa falha, segundo Ejzenberg, ainda é cedo para propor alternativas usadas em cidades desenvolvidas como o pedágio urbano. Isso porque não há alternativas de transporte de massa de qualidade.

Segundo a Prefeitura de São Paulo, a renovação da frota de fretados é "fundamental por questões ambientais". Em nota, a Secretaria Municipal dos Transportes afirmou que veículos mais novos e modernos provocam menor poluição, além de melhorar a segurança e o conforto dos passageiros. 
Ejzenberg também se diz cético com a adoção de bicicletas em São Paulo por causa da topografia e clima da cidade, pouco propício a esse modo de transporte. 

– O pessoal que defende a bike deve ser estimulado. Mas esses serão alguns abnegados ou afortunados que moram perto do seu local de trabalho. São Paulo precisa de soluções que envolvam o transporte de massa. 

CaminhõesUm ano antes da restrição de fretados, a cidade restringia também a circulação de caminhões. O diretor do Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região), Rogerio Helou, afirma que o abastecimento da cidade foi duramente afetado desde então. 

Saiba de que forma os caminhões podem rodar por SP

Para Helou, o custo de vida da cidade cresceu com a restrição. Ele arguenta que um veículo de alta capacidade prejudica menos o trânsito do que os vários necessário para substituí-lo. 

Ao R7, a secretaria ainda informou que houve uma melhora de 22% nos índices de lentidão no trânsito se comparar o segundo semestre de 2009 ao mesmo período de 2010. Segundo a nota, entre 7h e 22h, os números caíram de 72,9 km para 56,9 km.

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